terça-feira, 13 de agosto de 2013

Uma pincelada no design dos planos no d&d


Aloha!

Em qualquer conversa sobre Dungeons & Dragons mundo afora sempre ocorre um debate sobre quais são os cenários mais importantes, quem seriam os ícones supremos, quais as criaturas mais desafiadoras ou quais aventuras são mais marcantes. Muitas vezes, essa conversa leva a conhecermos a origem destes temas. Um dos assuntos que me interessam e considero pouco explorado é a cosmologia... Mais precisamente como ela foi pensada e quais as justificativas para seu design. Revendo uns materiais de consulta que tenho, resolvi postar uma breve retrospectiva que pode ajudar os curiosos ou interessados como eu em saber mais sobre os planos.

Tentarei fazer uma breve síntese do que foi esta jornada de construção dos planos em 4 partes, começando pela gênese de Gygax.

Parte I: E se criou o embrião primordial

Podemos dizer que os planos começaram a ser pensados num modesto artigo intitulado Planes - The Concepts of Spatial, Temporal and Physical Relationships in D&D, na revista The Dragon 8 em 1977 escrito pelo próprio Gary Gygax como uma proposta ou sistema inicial dos planos, portanto muitas características que conhecemos hoje não estão presentes.

Uma das primeiras coisas que chama atenção é o texto não usar o termo multiverso em qualquer momento, apesar da palavra já ser famosa na época por conta dos romances de Michael Moorcok. O texto fala em infinitos planos co-existindo na forma de planos, subplanos e semiplanos que parecem se sobrepor, lembrando muito a clássica noção de realidades paralelas, onde o nosso mundo serve como a realidade padrão.

Em termos de design, o Plano Material é descrito como sendo onde vivem todas as formas de vida humanóides. Os Planos ditos Positivo, Negativo e os Elementais seriam aqueles que tocam os materiais. Não fica muito claro o que seria o Plano Negativo, mas no texto parece representar uma faceta (?) do Plano Material e do Positivo... Para complicar, também não há uma definição do que é o Plano Positivo, rs. O Plano Etéreo existe no mesmo espaço do material, servindo para viajar ate os Planos Interiores que tocam no material. O Plano Astral leva aos Planos Exteriores, um apanhado de objetivos filosóficos e religiosos que segue as premissas do conceito dos alinhamentos... Um conceito que já havia sido publicado anteriormente. Gygax explica que o Plano Astral deforma a dimensão do comprimento como conhecemos. Muito interessante ver essa tentativa de conciliar as dimensões da Física com a fantasia.  
  
Os planos têm o design praticamente igual ao da Grande Roda da segunda edição, mencionando os nomes usados nas mitologias clássicas (Noves infernos, Nirvana, Arvandor, Paraíso Gêmeos, etc) como exemplos que representam o plano/planos. Também não existe detalhamento dos demais planos, como os Outer Planes, apenas umas pinceladas leves do tipo e da posição de certas áreas. Alguns artigos posteriores da Dragon, escritos por Ed Greenwood trariam detalhes sobre regiões dos planos inferiores do Outer Planes.  

Um aspecto interessante da proposta de Gygax esta na relação das armas mágicas (ele menciona as de prata e as de ferro frio) com as criaturas planares. Sobre isso, ele diz 3 coisas:
- Seres planares existem simultaneamente em mais de um plano, um dos quais é sempre o Plano material, da mesma forma que as armas mágicas. Assim sendo, armas +1 ou melhores afetam criaturas existentes de formas simultânea em 2 planos, armas +2 ou melhores acertam seres existentes de forma simultânea em 3 planos e assim sucessivamente... Uma dúvida que me surgiu foi se mais de um personagem no multiverso pode possuir a mesma arma mágica e o papel dos artefatos, mas com certeza não eram coisas pensadas pelo Gygax na época...
- Todo tipo de criatura tem o seu próprio sub-plano no qual tem sua auto-existência. Sim, isso mesmo... Existiriam sub-planos para CADA criatura acertável. Dessa forma, se explicam as armas que causam dano extra nas criaturas que podem ser atingidas por armas normais. Faz pensar se é possível saber em quantos planos uma criatura passa a realmente deixa de existir...
- As armas mágicas só funcionam com suas propriedades mágicas dentro de certa proximidade com o plano material. Assim, uma arma +1 só é eficaz enquanto estiver a um plano de distância do material. Esta regra também deve ter inspirado o funcionamento das magias e habilidades nos planos.

Temos com as informações deste artigo um esqueleto básico e aberto do que será a cosmologia. A intenção era mesmo deixar o preenchimento da espinha e as especificidades serem feitas por mestres e jogadores para formar sua própria cosmologia planar. Hoje sabemos que o interesse dos fãs por material descritivo acabou gerando não apenas artigos, mas um livro descritivo sobre os planos na primeira edição do ad&d.  


quarta-feira, 13 de março de 2013

E no principio havia uma inquietação...



Ladys grace cutters!

Bem vindos a minha primeira experiência na criação de blogs. Depois de passar muitos anos apenas lendo e comentando por ai, resolvi tomar coragem de dividir alguns pensamentos e quem sabe debater algumas idéias com quem esteja interessado.

Desde os anos 90, joguei muitos sistemas, mestrei outros tantos e assim como grande parte dos mestres e jogadores da época do não tão extinto ad&d 2E, tive minhas imersões nos cenários oficiais. A ambientação que mais me chamou a atenção foi o diferentão Planescape e a tal cosmologia da Grande Roda. Tudo começou ao ver a caixa meio verde-azulada com várias sombras perambulando numa cidade cheia de prédios tortos que subia numa pintura bem estilizada de Dana Knutson (por muitos anos achei que fosse uma mulher, mas não é, rs) numa gibiteria no Rio de Janeiro...  Não posso esquecer de mencionar o quanto ver aquela face cheia de lâminas na cabeça no topo da caixa (quase uma criatura ou entidade lovecratiana) também me impressionou.

Nessa época era muitíssimo complicado achar informações, quanto mais resenhas ou materiais para conhecer um jogo. Só muitos anos depois de encher o saco de dinossauros rpgistas, babar no material de conhecidos e claro, trabalhar, pude realmente adquirir minha coleção de materiais do cenário e realmente entender o raio da cosmologia da grande roda, rs.

É tarefa difícil até hoje encontrar uma forma simples de descrever o cenário. Para mim é O grande esquema da conexão definitiva entre todo multiverso, mas fique a vontade para discordar. 

Tentarei trazer (dentro de minha conturbada disposição e tempo livre) algumas informações e todo tipo de conteúdo ligado à cosmologia e ao cenário, pois bem sei que não há muitos espaços em português sobre o assunto. Não sei por quanto tempo vai existir ou se terá muitos interessados, mas para mim será um grande desafio.